Deixe de ler este texto quem nunca pisou na bola com uma pessoa querida e arrastou, por algum tempo, aquele pesado sentimento chamado remorso. Para piorar, ele nunca vem sozinho. Traz consigo ansiedade, insônia, mal estar, angústia, entre outros fardos. Libertar-se dele não tem lá muito mistério. Um sincero pedido de desculpas alivia a alma, acalma o corpo e sossega o coração. Porém, nem todo mundo acha fácil pedir perdão. Para investigar mais a fundo o assunto, pesquisadores da Universidade da Califórnia desenvolveram um estudo com cem mulheres para identificar as três fases do perdão, e como a saúde é afetada em cada uma delas. A primeira etapa, que independe de idade, corresponde à menina boazinha, ou seja, as mulheres podem desculpar-se por tudo, inclusive por coisas que nem seriam necessárias. O que importa mesmo é agradar a todos. Já a etapa dois é um período de rebelião. As mulheres podem se rebelar contra a fase anterior e agora não se desculparão de modo algum. Elas parecem aborrecidas a maior parte do tempo. Por fim, a última etapa corresponde à sabedoria. Quando as mulheres superam os dois extremos, conseguem um maior equilíbrio. Quanto à saúde, as mulheres que atravessam as duas primeiras etapas tendem a experimentar mais desordens relacionadas ao estresse e à ansiedade. Por outro lado, um estudo realizado por pesquisadores da College and Virginia Commonwealth University constatou que a freqüência cardíaca, a pressão arterial, os níveis de sudorese e a tensão facial diminuíam nas vítimas de ofensas somente ao imaginar seus agressores pedindo-lhes desculpas. Que o perdão faz bem à saúde, não há como negar. Mas os ganhos vão além, garante o psicoterapeuta Geraldo Passendoro, especialista em ansiedade. Segundo ele, é muito importante saber se desculpar para manter as relações afetivas. "Todos nós erramos e acertamos. Logo, se não soubermos pedir desculpas, ou perdoar os outros, podemos prejudicar nossos relacionamentos", aponta Geraldo, que também é professor da especialização em Medicina Comportamental da Unifesp. Embora pedir desculpas pareça um gesto simples, para muitos está mais para um bicho de sete cabeças. De acordo com Geraldo, essa dificuldade pressupõe uma personalidade narcisista, em que o indivíduo não consegue enxergar o mundo pelo olhar do outro. Desta forma, a dificuldade em desculpar-se pode prejudicar a vida pessoal e profissional. "O próprio dia-a-dia pode ensinar as pessoas a ter mais flexibilidade para pedir desculpas. Mas se ela não consegue lidar com os conflitos mais corriqueiros, é importante fazer uma psicoterapia para perder o padrão inflexível", diz o especialista. O orgulho tem um aspecto peculiar. Para Geraldo, pessoas que têm dificuldade em reconhecer o próprio erro e desculpar-se geralmente valorizam excessivamente seus pontos de vista. "O orgulho tem relação com o poder e o controle. Admitir o erro, nesse caso, seria mostrar uma fragilidade que o indivíduo não quer demonstrar", completa o psicoterapeuta. Do outro lado da balança, existem aqueles que não conseguem perdoar o outro. Nesse caso, a relação não se mantém, e gera-se uma raiva que vai se prolongar, criando-se um rancor, que não é um sentimento momentâneo. Torna-se crônico. "O rancor e a mágoa fazem mal a quem os alimenta", destaca Geraldo.
- Desculpas sinceras
Pedir desculpas não é fácil. Mas, com jeito e vontade, você chega lá
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Pedir desculpas não é fácil. Mas, com jeito e vontade, você chega lá
Autora: Andrea Guedes
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