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Luz e Paz Profunda! Eliana Maria

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terça-feira, maio 11, 2010

OUTRA VEZ

Folha de S. Paulo
Outra vez
Benjamin Steinbruch

Os leitores são testemunhas de que raramente faço citações de empresas que dirijo nesta página. Considero que a Folha abre este espaço para a discussão de grandes temas nacionais. Mas, excepcionalmente, peço licença para uma citação, porque ela tem a ver com uma das questões mais relevantes do momento brasileiro.
Há algumas semanas, o conselho da Companhia Siderúrgica Nacional, empresa da qual tenho a honra de ser presidente, aprovou um plano de investimentos de R$ 34 bilhões até 2016. Como a CSN, centenas de empresas têm anunciado planos de expansão de capacidade produtiva depois que o Brasil superou os efeitos da crise internacional.
A Europa enfrenta hoje uma nova crise aguda, enquanto o Brasil vive momento especial. Nos últimos anos, houve uma convergência de medidas e fatores positivos -desonerações tributárias, ampliação do crédito e espírito de otimismo- que acabou atuando para ampliar o mercado interno. Estima-se que o país tenha cerca de 60 milhões de novos consumidores que tiveram sua capacidade de compra ampliada e estão ávidos por automóveis, geladeiras, televisores, alimentos e toda a gama de produtos duráveis e não duráveis.
É inadmissível que o país não demonstre coragem de seguir em frente no fortalecimento do mercado interno. O aperto monetário que começou a ser imposto, cujo objetivo é esfriar a economia e reduzir o consumo, é uma atitude desnecessariamente medrosa.
Quando a procura de produtos aumenta, há duas saídas possíveis: aumentar a oferta por meio da expansão da produção ou reprimir a demanda com medidas de contenção, entre elas a elevação da taxa de juros. Infelizmente, o país optou pela segunda, que é a mais defensiva e a menos corajosa.
Em vez de aumentar taxas de juros, o correto seria procurar estimular novos investimentos das empresas brasileiras, para que a demanda seja atendida. Por isso citei no início deste artigo a CSN, que tomou uma decisão no sentido da ampliação da produção.
O risco do aumento da inflação, num país com a história brasileira, sempre existirá e será tanto maior quanto menor for a expansão da oferta de bens. Não se pode exagerar nas políticas defensivas de combate à inflação. O sistema de metas tem margens que podem e devem ser usadas para não sacrificar o crescimento do país.
As empresas brasileiras estão preparadas e dispostas a investir. Sondagem da Fundação Getulio Vargas, feita em março, indica que a indústria de transformação planeja uma expansão de quase 15% em sua capacidade de produção neste ano e de 24% no período 2010-2012. Isso indica que não há no horizonte próximo um desequilíbrio entre oferta e demanda que possa provocar elevações perigosas de preço. Além disso, a abertura da economia e as reservas de divisas permitem a adoção de políticas de importações que podem tranquilamente controlar possíveis pressões inflacionárias localizadas.
O desafio que enfrentamos no momento, é portanto, atuar para manter o país na sua rota de crescimento, financiando investimentos, criando empregos e estimulando o consumo.
Quando se deu a crise aguda de setembro de 2008, o Brasil estava na contramão, elevando juros, erro que só foi corrigido quatro meses depois. Agora, outra vez os juros foram aumentados às vésperas da crise aguda na Europa. Outra vez?

BENJAMIN STEINBRUCH
, 56, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). | bvictoria@psi.com.br

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